Caça ilegal é mais uma ameaça à Fauna em nossa região
Proibida por lei, a caça de animais silvestres pode levar a multas e até à prisão
Uma das piores consequências do desmatamento, em qualquer lugar do mundo, é a perda da biodiversidade. Desde os minúsculos seres que alimentam o solo, insetos e invertebrados, pequenos mamíferos até as aves e animais de grande porte, a supressão da cobertura vegetal é fatal para diminuição, muitas vezes irreversível, das populações de animais silvestres em todo planeta. O Folha do Pirajuçara, em Edição 917 de 02-04-2022, noticiou a perda de 935 mil m² de Mata Atlântica somente em 2021, nas cidades do Sudoeste da RMSP – Região Metropolitana de São Paulo, o que corresponde a 20% de todo desmatamento do Bioma Mata Atlântica no Estado de São Paulo, para o mesmo período. Não bastasse toda essa enorme agressão, causada pelo total abandono da fiscalização tanto no Estado quanto nos Municípios, a fauna silvestre vê-se também ameaçada pela caça ilegal.
A caça profissional está proibida desde 1967 e atualmente a legislação brasileira libera somente a caça de javalis, espécie invasora, mas a liberação para a caça vem entrando em pauta para votação de Projetos de Lei para permitir a caça esportiva (se é que essa atividade pode ser considerada esporte), alavancada pelo recrudescimento do incentivo ao porte de armas, e uso delas, pelo atual chefe do executivo da nação. A sociedade civil organizada, em campanhas virtuais de grande alcance, tem conseguido barrar essas inciativas, como é exemplo do Projeto de Lei do Deputado Federal Nelson Barbudo (PSL-MT), que propunha liberar a caça esportiva de animais silvestres, o qual foi retirado de pauta pelo próprio autor, pressionado também por partidos de oposição. Infelizmente a pauta continua a tomar conta das casas legislativas no Estado de São Paulo, como é o caso na cidade de Franca, onde em 06 de maio recente, a Câmara Municipal aprovou o dia dos CAC’s (Colecionadores, Atiradores e Caçadores).
Em nossa região, embora não cheguemos ainda a tanto, nossos animais estão na mira das armas de caçadores, que espreitam nossas matas na calada da noite. São desde matutos experientes, que montam armadilhas e deixam suas marcas na mata com galhos, gravetos, folhas e covas, até equipados caçadores, com armas silenciosas e acessórios caros como cintas e botas protetoras, flagrados por câmeras de segurança. A atividade, cruel e injustificada, é criminalizada pela Lei N° 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas, derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e que em seu artigo 29 decreta: é proibido “matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente”. As penalidades vão de prestação de serviços à comunidade até multa e prisão.
Muitas pessoas em nossa região ainda sofrem com a perda de nossos queridos primatas, os bugios ruivos (alouatta guariba), vitimados pela febre amarela em 2018, e também cruelmente assassinados pela ignorância de quem os considerava erroneamente como transmissores da doença. Já se passaram quatro anos desde o surto de febre amarela e os bugios tardam a voltar. São avistados somente sozinhos, ou em dupla, nas beiras de mata, vítimas também agora do violento desmatamento na região. Não podemos aceitar que, além de todas essas agressões, somadas aos efeitos das Mudanças Climáticas, que já se fazem sentir por aqui, alterando habitats e, consequentemente. as condições de sobrevivência das espécies, que nossa fauna seja também ameaçada pela crueldade de caçadores ilegais. Precisamos proteger nossa fauna que faz parte de um todo chamado natureza, interligada e biodiversa. Disso depende, também, nossa sobrevivência. Faça sua parte. Acabar com esses crimes é também papel da Sociedade Civil. Denuncie.
Abaixo os canais para denúncia em nossa região:
– Secretaria do Meio Ambiente de seu município
– CETESB: (11) 4704-8835
– Polícia Militar Ambiental da Região: (11) 5067-1810 e 190
– Polícia Civil Ambiental da Região: (11) 4704-2020 | (11) 4778-1236 | (11) 4704-5358
– Guarda Civil Municipal da Região: 153 – central | (11) 4704-1299 | (11) 4785-3696
– Delegacia Civil Regional do Meio Ambiente: (11) 4704-7217 | (11) 4704-7075 | (11) 4704-7049 | (11) 4778-1236
– Delegacia Civil Regional do Meio Ambiente Cotia: (11) 4198-6308
– Ibama Linha Verde: 0800-618080