Dandara dos Palmares, símbolo de resistência da mulher negra contra a escravidão
Dandara dos Palmares, mulher forte e guerreira que lutou até o fim, por um ideal, por um povo e por si mesma
Dandara dos Palmares dominava técnicas de combate com a capoeira e, sem medo, lutou na resistência do Quilombo dos Palmares. Acabou ficando conhecida como a mulher de Zumbi dos Palmares, líder de um dos maiores quilombos da história do Brasil, mas na realidade ela foi muito mais do que isso. Sobreviveu à escravidão, liderou lado a lado com Zumbi, combateu com a própria força o racismo, a perseguição e a ignorância. Não se deu por vencida e, em seus últimos momentos, escolheu que não ia viver para voltar à condição de escrava. Foi livre.
Não há registros que comprovam se Dandara nasceu no Brasil ou no continente africano, porém se sabe que ela chegou ainda menina no Quilombo dos Palmares. Desempenhou muitas funções dentro da comunidade: era ela que ajudava a criar estratégias para impedir a invasão das forças repressoras, além de participar das atividades cotidianas, como caça e agricultura.
O Quilombo dos Palmares ficava localizado na Serra da Barriga, território da então Capitania de Pernambuco, região onde hoje pertencente ao município de União dos Palmares, em Alagoas. O quilombo resistiu por mais de um século e se tornou um importante símbolo da resistência do africano à escravatura e ao longo dos anos chegou a ter mais de 20 mil habitantes. Dentro da própria comunidade havia divergências: Ganga-Zumba acreditava que um acordo poderia ser feito com as autoridades para acabar com a perseguição aos negros que já estavam foragidos. Porém Zumbi e Dandara queriam mais, queriam o fim do sofrimento trazido pela escravidão, pelo sequestro e pela diáspora.
As ambições da guerreira
A partir de 1630 os ataques ao Quilombo dos Palmares se intensificaram por conta da invasão holandesa. Foi neste contexto que em 1678, o então líder máximo do quilombo Ganga-Zumba, assinou um acordo com o governo de Pernambuco. O documento garantia a liberdade dos palmarinos que tinham sido feitos de prisioneiros, dos nascidos em Palmares e a permissão para realizar atividades comerciais. Em troca, os habitantes do quilombo deveriam entregar os escravos fugidos que fossem buscar abrigo. Dandara se opôs a Ganga-Zumba sem medo de desafiar seu líder, pois ela não concordava com os termos, não aceitava a liberdade só para alguns. Ela queria mais, queria um futuro para os seus, queria ser livre de verdade. Foi assim que ela e Zumbi romperam com o antigo líder e continuaram a resistir bravamente.
Ao lado de Zumbi, Dandara teve três filhos, Motumbo, Harmódio e Aristogíton, foi mãe, esposa, mulher, guerreira e uma inspiração. Tinha ambições de tomar a cidade de Recife, coração de Pernambuco, para mostrar a força que emanava dos quilombolas.
Em 1686, o governador de Pernambuco, João da Cunha Souto Maior, preocupado com a ineficiência dos governos anteriores e com a reduzida força que dispunha, para destruir o reduto dos escravos solicitou ajuda ao bandeirante Domingos Jorge Velho, com a missão de acabar com o Quilombo dos Palmares.
Em 06 de fevereiro de 1694 houve a destruição da Cerca Real dos Macacos, que fazia parte do Quilombo dos Palmares, e muitos palmarinos foram mortos e presos. Dandara, acuada pelos homens de Domingos Jorge Velho, escolheu a morte e se jogou de uma pedreira direto para o abismo, afinal podia escolher e conhecia a dor de ser escravizada, de ser reduzida a um objeto e não iria voltar para essa condição.
Embora pouco se saiba sobre a sua feição sabemos que sua imagem inspira força e liberdade. Esse é um breve resumo da história de uma mulher que lutou e contribuiu para as conquistas que temos hoje.
*pesquisa : Jose Lucas (Folha do Pirajuçara)
*fonte: www.todosnegrosdomundo.com.br