Folk Cultural da Folha homenageia Dia “Nacional do Folclore Brasileiro”
Olá pessoal, sou prof. Noel Magalhães e vou contar uma coisa valiosa que tá saindo da moda, é o folclore brasileiro que tá se perdendo das prosas. O lobisomem e o boitatá foram substituídos por dois aparelhos, o rádio e a televisão, que tiraram o folclore de nossa gente mais dar que é bom num da não. Diz que o mundo é uma grande radiola bota o disco que a gente dança o “Folk Cultural da Folha” vai falar pra oceis o nosso folclore em 14 lendas brasileiras.
Confira abaixo uma a uma:
O Brasil é dono de uma riqueza cultural vasta, graças à miscigenação dos mais variados povos e culturas. Como em um grande caldeirão, ingredientes das tradições indígenas, africanas e européia se juntaram e formaram o que hoje conhecemos como nosso aporte cultural. Um dos elementos marcantes dessa mistura são as lendas folclóricas.
Este conjunto mitológico envolvendo seres e estórias fantásticos foram transmitidos de geração em geração por meio da oralidade. Ao longo dos séculos, tais lendas foram encantando e, também, assustando quem as escutava mas, acima de tudo, representavam as características dos povos que as criaram.
Os principais personagens do folclore brasileiro são: iara, saci pererê, mula sem cabeça, negrinho do pastoreiro, cuca, boitatá, curupira, lobisomem, boto, vitória régia, caipora, cobra grande, comadre fulozinha, corpo seco e erva-mate.
Confira, com a gente, as principais lendas e personagens do folclore brasileiro.
IARA
A lenda da Iara ou, ainda, da Mãe d’Água tem origem no povo tupi. Iara, que significa “Senhora das Águas”, era uma bela índia que despertava a inveja de muita gente, incluindo seus irmãos. Para resolver o problema, eles o atraem para a floresta e resolvem matar a própria irmã.
No fim, Iara mata os irmãos e, como forma de punição, foi lançada no encontro entre os Rios Negro e Solimões. Desde então, tornou-se uma sereia de beleza inigualável que atrai os pescadores que navegam pelas águas através de seu canto, com o objetivo de matá-los.
É descrita como uma sereia de cabelos negros e compridos, dona de uma voz hipnotizante. Seu som agradável é o que atrai os homens desavisados.
SACI PERERÊ
Este é um dos personagens mais conhecidos do nosso folclore mas, você sabe de onde ele veio? A lenda tem origem tupi-guarani e representa o saci como um menino negro e travesso de uma perna só.
Fumando um cachimbo e usando uma carapuça vermelha que lhe dá poderes mágicos, surge como um redemoinho e adora assustar os outros.
Uma curiosidade é que o saci pererê não é o único. As lendas trazem mais dois sacis, o saçurá e o trique. Entre suas travessuras, estão fazer a comida queimar, trançar o rabo dos cavalos e esconder objetos. Nascem de dentro dos bambus, onde vivem por sete anos. Para evitar que eles fujam, é preciso prendê-lo dentro de uma garrafa de vidro.
COMADRE FULOZINHA
A lenda da Comadre Fulozinha é um mito folclórico brasileiro que nasceu de uma variação da lenda da Caipora. Vinda do nordeste, a lenda é contada principalmente em Pernambuco, Paraíba, Bahia e outros locais na zona da mata, onde também é conhecida como “Mãe da Mata.”
Conta a história que a criatura é um espírito de uma cabocla (indivíduo miscigenado, índio e branco) de cabelos negros tão longos que cobrem todo o corpo.
Ágil e furtiva, corta com cabelos e enrola com a língua aqueles que destroem a mata e que passam por lá sem deixar oferendas e tem o poder de desaparecer magicamente na mata.
A comadre, bem como o Saci, é zombeteira. Ela amarra o rabo e crina de cavalos de forma a ser impossível desatar os nós e dá surra de urtigas (planta urticária). Segundo a lenda, mingau e doces são suas oferendas favoritas.
BOTO ROSA
A lenda do boto cor de rosa ou, também, Uauiará, surgiu na amazônia. A estória conta que, nas noites de festa junina, o boto sai das profundezas dos rios sob a forma de um belo homem, atraindo mulheres.
Seu objetivo é levá-las para o fundo do rio e acasalar. Diante disso, costuma-se dizer que o boto é o pai de crianças cuja paternidade é desconhecida.
CORPO SECO
A lenda do “Corpo-Seco” é uma história folclórica brasileira nascida em meados do século XX, em Minas Gerais. Hoje é contada com diversas variações e pode ser considerada um conto preventivo para que crianças não desobedeçam seus pais.
A versão mais corrente narra como um homem chamado Zé Maximiano, residente da Serra da Mantiqueira, foi rejeitado por Deus, o Diabo e pela própria terra, condenado a vagar pelo ermo.
Zé Maximiano era conhecido na cidade de Monteiro Lobato por brigar e agredir seus pais até o dia em que morreu assassinado. Enterrado, foi rejeitado pela sepultura e passou a assombrar o local. O corpo do morto-vivo foi levado à força e abandonado em uma gruta.
Entretanto, não permaneceu lá por muito tempo e passou a peregrinar e assombrar aqueles que o encontram. Em especial, a assombração persegue crianças que desrespeitam os pais.
A lenda no Brasil
Em São Paulo, conta-se uma variação em que o Corpo-Seco se aproxima de viajantes incautos e suga-lhes o sangue, transformando-os em corpos-secos também.
Em outra variação, ele é um ex-fazendeiro avarento que protege as árvores de seu antigo pomar.
Em mais uma variação, ele mata as árvores que toca, que ficam com um aspecto humano decrépito como o seu próprio.
A cidade de Ituiutaba reivindica para si o título de berço do Corpo-Seco. Ao sul do município há até mesmo a Serra do Corpo Seco, onde, segundo a lenda, ele teria sido isolado após sua rejeição pela terra.
O município de Taubaté, São Paulo, é outro que afirma ser o local onde a lenda se iniciou. Em 07 de agosto de 2005, o jornal Vale Paraibano publicou uma matéria sobre o morto-vivo que se esconderia há 40 anos em uma gruta em Pedra Branca.
COBRA GRANDE
A lenda da cobra grande é um mito folclórico das regiões norte e nordeste do Brasil sobre uma gigantesca serpente com olhos luminosos que habita as profundezas dos rios e lagos.
De origem amazônica, a história explica de forma lendária a origem dos sulcos onde correm os rios. Esses seriam os rastros por onde a cobra havia passado. A inspiração para a criatura pode ter sido as sucuris (serpentes do gênero Eunectes), que podem chegar aos oito metros de comprimento.
A versão mais corrente da história é aquela em que uma índia fica grávida de uma cobra sucuri e dá à luz a cobras gêmeas – um chamado Honorato (ou Norato, ou Nonato) e uma chamada Maria Caninana. A índia, repugnada com a aparência de seus filhos, os abandonou no rio.
Honorato, porém, de bom coração, continuou visitando a mãe. Maria, por sua vez, era rancorosa e alimentava ódio por quem a abandonara. Maria Caninana naufragava embarcações, devorava animais e pessoas enquanto Honorato reprovava as atitudes de sua irmã.
Honorato decidiu matar a irmã para acabar com suas injustiças e, assim, conseguiu a gratidão das tribos ribeirinhas. Nas noites de lua cheia, ele assumia forma humana e caminhava pela terra, participando das festividades com os índios. Entretanto, ele sempre tinha de retornar aos rios.
Querendo tomar parte na vida humana, Honorato convidou as pessoas a desencantá-lo: era necessário colocar leite em sua imensa boca de cobra e ferir sua cabeça com aço virgem (que nunca cortara nada). Porém, ninguém tinha coragem de se aproximar da monstruosidade.
Em uma versão da lenda, um soldado corajoso liberta Honorato e ele vive feliz por anos. Em outra, Honorato se revolta na ocasião da morte de sua mãe e vai viver enterrado sob as cidades, adormecido.
CAIPORA
A caipora é uma personagem lendária do folclore brasileiro. A índia (ou índio, a depender da versão) é um ser pequeno, de cabelos e pelos vermelhos que habita e protege as florestas. O próprio nome vem do Tupi-guarani, caapora, que quer dizer “habitante do mato”.
Carregando muitas similaridades com o curupira, a caipora também protege os animais de caçadores e as florestas de quem quer derrubar ou incendiá-la. Com seus poderes de dominar os animais, ela ataca, assusta, desorienta e faz emboscadas para quem tenta fazer mal à natureza.
Outra semelhança com o curupira é o fato de que a caipora aceita presentes de quem quer cruzar a floresta, sendo fumo seu mimo favorito.
A popularização do personagem se deve em grande parte ao programa “Castelo Rá-tim-bum”, que foi ao ar na década de 90, pela TV Cultura. Na série infanto-juvenil, a caipora contava histórias indígenas aos protagonistas.