SOS NATUREZA: A lição dos manacás

É tempo da florada dos Manacás da Serra. Estão por toda Itapecerica. Tem muitos na estrada que vai para o Centro, também para Embu Guaçu, e explode na Serra do Mar, nas bordas de mata. São árvores com flores de três cores que nascem brancas, vão ficando rosadas até escurecerem para um lilás bem forte. Florescem nestes dias de novembro até fevereiro e estão nas áreas remanescentes de Mata Atlântica, desde Santa Catarina até o Rio de Janeiro. Tem um tantão de nomes populares: Cuipeúna, Jacatirão, Flor-de-Quaresma, entre outros. Um querido amigo de Itapecerica, que também ama as árvores como eu, disse que sua avó a chamava de Flor de Natal. Mas um nome que gosto muito, embora pouco conhecido por aqui, é Pau-de-Flor. De madeira macia e pouco densa, às vezes não suporta os ventos fortes das tempestades e caem galhos, ainda cheinhos de flores. Essa vulnerabilidade tem uma função, e é essa a lição que nos traz o Manacá. A Natureza deixou para a transitoriedade essa delicadeza toda, que enche nossos olhos com a beleza desse buquê mutante, pois o Manacá tem vida curta, entre sete a oito anos apenas. É uma árvore que os botânicos chamam de pioneiras, ou seja, as primeiras que chegam quando a mata está se formando. Embora delicada, é altamente resistente à poluição e tem milhares de minúsculas sementes que se espalham pelo vento. Sua função é crescer rápido e fazer uma cobertura para preparar a terra para as sementes das demais árvores, para que chegue o tempo das grandes e soberanas Paineiras, Araucárias, Ingás e Cedros Rosa. Então regozijemos nesta florada bendita, cheia de esperança. Cuidemos destas áreas onde estão os Manacás para que viceje nossa Mata Atlântica, plantemos nosso Pau-de-Flor para recuperar nossas áreas degradadas e aprendamos com a Natureza que estamos aqui só de passagem, transitoriamente, e o quanto temos que cuidar da terra, sempre e sempre mais, para os que virão depois de nós.