Visita surpresa ao Centro de Controle de Zoonoses de Itapecerica: precariedade das instalações e funcionários dedicados
Representantes do Grupo Frente Proteção Animal de Itapecerica da Serra, fizeram uma visita surpresa ao CCZ – Centro de Controle de Zoonoses e constataram a precariedade das instalações, mas surpreenderam-se com a dedicação dos funcionários. A visita aconteceu dia 11/06, com a presença de representantes do grupo de protetores e protetoras comprometidos com a causa animal na cidade. Esteve presente também o vereador Cicero Melo, o único que respondeu aos ofícios enviados pelo grupo à Câmara Municipal, pedindo atenção às questões do CCZ. O Prefeito também recebeu o mesmo pedido, mas não deu resposta. Durante a visita, a dedicação dos funcionários no trato com os animais chamou a atenção. Todos foram unânimes em relatar o carinho dos servidores com cães e gatos. “Vê-se que eles fazem das tripas coração para cuidar dos animais, que estão bem alimentados”, disse Alan Mark Stoll, representante do Frente Proteção Animal. O trabalho é grande, pois o quadro de funcionários, que chegou a ter doze servidores, hoje são apenas seis, para cuidar de 150 a 200 animais.
Instalações precárias
Mas todo esse empenho contrasta com a situação precária das instalações. Para Daniel Rodrigues, publicitário que acompanhava os adolescentes do grupo Politicamente Mirim, a convite do vereador: “as construções estão totalmente largadas, embora bem feitas, aparentam estar sem manutenção desde que foram construídas”. Daniel relata rachadura em uma das paredes, telhas quebradas, mofo e forro apodrecido. Para ele faltam também placas indicativas para se chegar ao local. Segundo o vereador presente, as pinturas das edificações estão bem deterioradas e a sala de triagem para os primeiros socorros não atende às necessidades básicas. Ele relata ainda que o espaço tem alambrados inadequados, muito finos, que foram rompidos e provocam a fuga dos animais, além de outras precariedades. “O espaço foi bem elaborado, mas não houve manutenção. O caminhão do CCZ, embora bom de mecânica, está com a carroceria bem degradada, com um furo no assoalho, o que pode provocar queda e morte de animais durante o transporte”, completa o vereador.
Bomba d’água quebrada há cinco anos…
Outra precariedade constatada durante a visita foi que a bomba d’água que puxa água do poço do CCZ está quebrada há cinco anos. O fornecimento de água é feito, por todo esse período, por meio de caminhão pipa. Uma viagem de caminhão pipa sai em média R$ 250,00, portanto, a partir do gasto de apenas duas viagens a Prefeitura poderia certamente ter comprado uma bomba d’água potente para abastecer a partir do poço do CCZ, economizando recursos para atender melhor às outras necessidades desses animais. Segundo o vereador Cicero Melo: “Em visita anterior já constatamos a retirada desta bomba quebrada, mas até o momento não foi substituída”. Ele aponta também que as caixas d’água precisam de limpeza.
Gatos magros e com olhar triste
Mônica Peter de Camargo, também representando a Frente Proteção Animal, ficou preocupada com a situação dos gatos, que ficam presos para não fugirem e para não serem pegos pelos cachorros: “No gatil existe uma situação muito triste, porque ficam presos em um local onde não bate sol. Você vê neles um olhar distante, tristeza, depressão, não tem nada para fazer ali”. Ela aponta que além da precariedade das instalações, faltam insumos como pano de chão para a limpeza, remédios para bicheira, algo para proteger os animais da friagem do piso, não há local para banho e a maioria dos cachorros ficam soltos e dormem ao relento. A veterinária responsável não estava presente, os funcionários explicaram que ela estava em reunião da Autarquia de Saúde, mas Mônica gostaria de ter perguntado a ela sobre os insumos que estão faltando: “Gostaria de perguntar se houve solicitação dos materiais e sobre a máquina de lavar que está quebrada, que dificulta a limpeza de panos e cobertores que os animais reclusos usam e sobre a bomba d’água quebrada. Qual o empenho da veterinária? Ela é a diretora, tem que fazer esse papel, deveria cobrar mais”. Demandado pelo grupo, o vereador Cicero Melo fez um questionamento junto à Autarquia de Saúde, sobre a carga horária, atribuições e disponibilidades da veterinária e ainda aguarda resposta.
Participação dos protetores e protetoras
Alan e Mônica acreditam em ações voluntárias por parte dos protetores e protetoras neste momento, a partir de uma reunião para se chegar a um objetivo único. Seriam ações em favor da adoção dos animais que estão no CCZ, com divulgação de fotos, por exemplo. Mas Mônica ressalta a necessidade urgente de uma campanha de castração por parte da Prefeitura, para atender nos locais onde o acesso é mais difícil e diminuir o abandono e a superlotação no CCZ. Ela ressalta também a preocupação com o uso do recém criado FUMBEA – Fundo de Proteção e Bem-Estar Animal que receberá recursos para a proteção animal na cidade. “Se as decisões ficarem somente nas mãos do Superintendente da Saúde, corremos o risco da verba não ser alocada da forma como a gente entende, a população tem que participar da decisão de como essa verba será utilizada”. O Grupo Frente Proteção Animal aguarda a confirmação para uma reunião com o Superintendente da Autarquia de Saúde, Flávio Augusto Bergamaschi, juntamente como vereador Cicero Melo, para tratar das questões do CCZ levantadas durante a visita.