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Quem foi Maria Firmina dos Reis, considerada a primeira romancista negra brasileira

Negra, filha de mãe branca e pai negro, registrada sob o nome de um pai ilegítimo e nascida na Ilha de São Luis, no Maranhão, Maria Firmina dos Reis (1822 – 1917) fez de seu primeiro romance, Úrsula (1859), algo até então impensável: um instrumento de crítica à escravidão por meio da humanização de personagens escravizados.

 

Maria Firmina dos Reis foi uma escritora maranhense e romântica do século XIX, nascida em 11 de março de 1822 e falecida em 11 de novembro de 1917. Além de escritora, foi professora, musicista e a criadora da primeira escola mista do Brasil. Sua obra consiste em uma novela indianista chamada Gupeva (1861), o livro de poesias Cantos à beira-mar (1871), o conto A escrava (1887), além de composições musicais. Seu livro mais conhecido é Úrsula, romance abolicionista de 1859.

Maria Firmina dos Reis viveu no contexto histórico do século XIX no Brasil. Apesar de estar distante do Rio de Janeiro, centro político do país naquele século, também sofreu a influência dos acontecimentos históricos nacionais, como bem demonstram suas obras. A autora está, portanto, inserida no contexto que propiciou o surgimento e desenvolvimento do romantismo no Brasil.

O primeiro fato histórico, nesse sentido, ocorreu em 1815, quando o Brasil deixou oficialmente a sua condição de colônia e transformou-se em reino governado por d. João VI (1767-1826). Como evolução desse acontecimento, anos depois, em 1822, ocorreu a independência do Brasil, proclamada por d. Pedro I (1798-1834), o que estimulou o sentimento nacionalista nos artistas e permitiu o surgimento, em terras brasileiras, do romantismo.

“Outro fato histórico que influenciou a escrita romântica foi o surgimento dos movimentos abolicionistas, que levaram à promulgação de leis como a Lei Eusébio de Queirós (1950), que proibia o tráfico de escravos; a Lei do Ventre Livre (1871), que decretava a liberdade dos filhos de escravas que nascessem a partir da data de sua promulgação; a Lei dos Sexagenários (1885), que dava a liberdade aos escravos com 60 anos ou mais; e, por fim, a Lei Áurea (1888), que aboliu a escravidão no país.

 

Biografia de Maria Firmina dos Reis

 

A escritora Maria Firmina dos Reis nasceu em 11 de março de 1822, em São Luís, no estado do Maranhão. Por isso, o 11 de março, em sua homenagem, é o Dia da Mulher Maranhense. Era filha da escrava alforriada Leonor Felipa dos Reis e, possivelmente, de João Pedro Esteves, um homem rico da região. Além de escritora, foi professora primária, de 1847 a 1881, e musicista.

Úrsula, sua obra mais conhecida, foi publicada em 1859, com o pseudônimo de Uma Maranhense. A partir daí, Maria Firmina dos Reis passou a escrever para vários jornais, nos quais publicou alguns de seus poemas. Escreveu uma novela, um conto, publicou um livro de poesias, além de composições musicais.

Em 1880, adquiriu o título de mestra régia. Nesse mesmo ano, criou uma escola gratuita para crianças, mas essa instituição não durou muito. Por ser uma escola mista, a iniciativa da professora, na época, provocou descontentamento em parte da sociedade do povoado de Maçaricó. Assim, a escritora e professora entrou para a história como a fundadora, segundo Zahidé Lupinacci Muzart (1939-2015), da “primeira escola mista do país”. Já aposentada, continuou lecionando em Maçaricó para filhos de lavradores e fazendeiros.

Morreu em 11 de novembro de 1917. Segundo José Nascimento Morais Filho (1882-1958), estava cega e pobre. Sua obra ficou esquecida até 1962, quando o historiador Horácio de Almeida (1896-1983) colocou a escritora em evidência. Recentemente, as pesquisas sobre a vida e obra de Maria Firmina dos Reis e a divulgação do seu nome intensificaram-se, e, aos poucos, a escritora vai sendo integrada ao cânone literário brasileiro.

 

Características literárias de Maria Firmina dos Reis

A escritora Maria Firmina dos Reis nasceu no ano da proclamação da independência do Brasil, ou seja, 1922. Esse fato histórico, como já mencionado, impulsionou o sentimento de nacionalidade dos artistas brasileiros, o que levou ao surgimento do romantismo no Brasil, que tem seu início em 1936. Assim, de forma geral, as obras da autora apresentam as seguintes características românticas:

  • Subjetividade
  • Adjetivação intensa
  • Bucolismo
  • Uso abundante de exclamações, interrogações e reticências
  • Personagens heroicos
  • Mulher idealizada
  • Amor idealizado

Assim, até o momento, o romance indianista brasileiro tinha em José de Alencar (1829-1877) o único autor consagrado nessa temática. Entretanto, a autora também escreveu uma obra do gênero, Gupeva, de 1861, posterior a O guarani (1857) e anterior a Iracema (1865) e Ubirajara (1874), a trilogia indianista de José de Alencar. Na prosa indianista romântica, o índio é tratado como herói nacional. O objetivo principal dessas obras era despertar o sentimento de nacionalidade nos leitores da época.

Na novela Gupeva (ressaltemos que é uma obra anterior à Iracema), é narrada a história de amor entre o francês Gastão e a jovem índia Épica. O título da obra deve-se ao padrasto da heroína. Gupeva é o nome do vilão da história, um dos obstáculos que pode impedir a felicidade dos amantes, como é comum em obras desse gênero.

Já em Úrsula, a influência histórica está associada aos ideais abolicionistas do século XIX, evidenciados na trama desse romance de 1859, portanto, bem anterior à publicação de A escrava Isaura (1875), de Bernardo Guimarães (1825-1884).

 

Obras de Maria Firmina dos Reis

 

Maria Firmina dos Reis escreveu as seguintes obras:

 

  • Gupeva (1861) – novela
  • Cantos à beira-mar (1871) – poesias
  • A escrava (1887) – conto
  • Hino da libertação dos escravos (1888) – letra e música
  • Hino à mocidade – letra e música
  • Auto de bumba meu boi – letra e música
  • Valsa – música
  • Rosinha – letra e música
  • Pastor estrela do Oriente – letra e música
  • Canto de recordação – letra e música

 

*com informações: Brasil Escola

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