Maria Jesuína a rainha na agotimé (séculos XVIII – XIX)
Nascida entre os povos do grupo Mahi, de língua yoruba-nagô, foi aprisionada e, junto com o pai, levada como escrava ao Daomé. Ganhou notoriedade por seu conhecimento e experiência em rituais religiosos, conhecimentos de magia e cura, e se tornou uma das oito esposas do rei Agonglo. Seu filho biológico, Gapke, ascendeu ao trono e passou a se chamar Ghezo, reinando de 1818 a 1858.
Como kpojitó, isto é, rainha-mãe, Agontimé teve problemas por ocasião da morte de Agonglo (1797). Este antes de morrer demonstrava preferir ser sucedido por Gapke, mas o filho mais velho, Adandozan, tomou o poder, e para evitar oposição mandou vender Agontimé como escrava, e daí em diante o destino da governanta permanece rodeado de mistério.
Segundo alguns ela teria sido enviada para Cuba ou para o Nordeste Brasileiro. Outros afirmam que, na ocasião de seu exílio, teria sido acompanhada por sessenta e três serviçais. Costuma-se pensar que ela tenha levado o culto dos voduns para a Casa das Minas, antiga comunidade de São Luís do Maranhão onde se cultuam as divindades ancestrais da família real do povo fon, e da qual ela teria sido fundadora. No Brasil, ela passou a ser chamada de Maria Jesuína, e era sacerdotisa de Toi Zomadônu, um importante vodun do povo fon.
Quando depôs Adandozan, o rei Ghezo tentou encontrá-la nas Américas, sem sucesso. Ao que parece, o trono enviado pelo rei Adandozan ao Brasil em 1810, incinerado no incêndio do Museu Nacional em 2019, poderia ter alguma relação com Agontimé. Certos sugerem que poderia ser uma maneira de simbolizar a transferência dela para este lado do Atlântico.
A questão da identidade de Na Agontimé e de seu vínculo com o importante núcleo religioso maranhense foi levantada pela primeira vez pelo pesquisador francês Pierre Verger, em pesquisas realizadas junto ao Institut Français d’Afrique Noire (IFAN) em 1952, embora até o presente não esteja plenamente esclarecido devido a ausência de fontes.
Pesquisa : Jose Lucas / Folha do Pirajuçara
Fonte: https://www.ufrgs.br/