Conheça a história de Francisco de Paula Brito
Nasceu no Rio de Janeiro, antiga Rua do Piolho, atual Rua da Carioca, no dia 02 de dezembro de 1809. Seu pai foi o carpinteiro Jacintho Antunes Duarte, neto do ourives Martinho Pereira de Brito, de quem adotou o sobrenome, e a mãe, Maria Joaquina da Conceição Brito, ambos de origem muito modesta.
A partir de 1831, se estabeleceu por conta própria, em pleno coração da cidade, na Praça da Constituição. Já editara número considerável de obras e publicara diversas revistas. A última era a Marmota Fluminense, fundada em 1949. Da Marmota, sabe-se que tinha sessenta empregados, nove franceses, cinco portugueses e quarenta e seis brasileiros. O negócio, que compreendia uma impressora, uma casa editora e uma loja comercial, era, portanto, muito importante, sobretudo para a época.
Foi nos fundos da casa de Paula Brito que nasceu a Petalógica, uma espécie de clube “litero-humorístico” e sociedade patriótica; uma sociedade sem estatutos, uma espécie de agremiação de grande importância na vida literária do país. A palavra petalógica vinha de peta que significa mentira. A Petalógica tinha sempre dois semblantes: um jovial para as práticas íntimas e familiares; outro sisudo, para os casos que demandavam gravidade.
Esta sociedade literária, de acordo com seus idealizadores, foi fundada “para contrariar os mentirosos, mentindo-lhes, a fim de que eles tomando como verdade tudo o que ouvirem, o fossem repetindo por toda a parte e se desmoralizando inteiramente ou perdessem o vício”.
A Petalógica propõe indistinções entre engodo e verdade, fato e ficção, mentira e moralidade, humor e patriotismo, levando o grau de auto-ironia e ambiguidade a extremos, provocando reações de incômodo e divertimento.
De acordo com os historiadores, Paula Brito juntou em torno da Petalógica, não só a intelectualidade da época, mas os mais diversos personagens, das mais distintas classes sociais. Como consequência, sua sociedade informal promoveu pontos de contato entre uma comunidade letrada e uma não-letrada, criando uma tensão produtiva entre culturas da presença e do significado, entre interpretação e performance. Podemos citar como exemplo desta tensão produtiva a parceria entre poetas e músicos. A Petalógica é citada como espaço privilegiado para a instituição deste modelo de parceria sendo o próprio Paula Brito autor de modinhas e lundus. Temos de um lado o poeta com suas letras eruditas e, de outro, o músico popular que encantava saraus e oitivas com sua voz e seu instrumento.
A Petalógica reunia todo o movimento romântico de 1840-1860; poetas como Antonio Gonçalves Dias e Laurindo Rabelo; romancistas como Joaquim de Saldanha Marinho e Firmino Rodrigues da Silva, além de um número considerável de médicos como Francisco de Menezes Dias da Cruz, Henrique César Muccio e Rodrigues Matias.
Seu avô materno – o sargento-mor Martinho Pereira de Brito, que era o embrechador do famoso escultor Valentim da Fonseca e Silva, o Mestre Valentim – foi responsável pela sua educação, influindo em sua vida, o que deve tê-lo tornado capaz de construir sozinho a sua tipografia, agregar em torno de si intelectuais, políticos, poetas, dramaturgos, os artistas viajantes e o próprio D. Pedro II. Teve inclusive Machado de Assis como o mais de todos os seus frequentadores.
Ocasionalmente, era letrista de música popular brasileira, com pelo menos, uma colaboração famosa no gênero. Trata-se do Lundu da Marrequinha, publicado em 1853, cujos versos eram de Paula Brito e música de Francisco Manuel da Silva, o compositor do Hino Nacional. Era um homem consciente da situação do Negro, e por isso editor dos jornais O Homem Negro e O Mulato. Foi também um dos percussores do conto no Brasil. Foi poeta e tradutor ativo. Entre suas traduções estão A Espiã, de Frederic Soulié; João sem Medo, de Pitre Chevalier; O Pontífice e os Carbonários e Ana d´Arcona, de Alexandre Dumas.
Paula Brito faleceu no dia 15 de dezembro de 1861, em sua residência, no Campo de Sant´Ana. De acordo com uma de suas biógrafas, Eunice Ribeiro Gondim, “o enterro teve um dos maiores acompanhamentos vistos na cidade, pois se compunha de mais de 200 carros. O Rio de Janeiro, nesse dia, cobriu-se de luto”.
*pesquisa: Jose Lucas (Folha do Pirajuçara)
*fonte : http://www.museuafrobrasil.org.br