Destaque

Maestro Henrique Alves Mesquita, o autor negro do “tango brasileiro”

Henrique Alves de Mesquita nasceu em 15 de março de 1830, em uma modesta casa na Ladeira do Castelo, ladeira que dava acesso ao topo do Morro do Castelo, no Centro do Rio de Janeiro (morro que abrigava edificações do tempo da fundação da cidade e que foi demolido completamente). 

 

Reconhecido historicamente como o criador da expressão “tango brasileiro”, quando assim classificou uma composição sua – “Olhos matadores”, de 1868, editada em 1871, usando o nome de tango para designar um tipo de música de teatro ligeiro, conhecida entre os franceses e espanhóis como “habanera” ou “havanera”. Iniciou seus estudos musicais com o compositor e violoncelista Desidério Dorison.

Em 1847 participou de um recital, onde apresentou, junto com seu mestre, uma fantasia para trompete. Em janeiro de 1848 ingressou no Liceu Musical, curso do maestro Gioacchino Giannini, que ficava na Rua do Conde, nº 13. No mesmo ano transferiu-se com o mestre para o Conservatório de Música, fundado em 13 de agosto de 1848. No final de 1853 associou-se com o clarinetista Antônio Luís de Moura, abrindo um estabelecimento na Praça da Constituição – hoje Tiradentes – 79: o Liceu Musical e Copistarista. Lá os dois ensinavam música, afinavam pianos, compunham peças por encomenda, organizavam orquestras para bailes, copiavam partituras e vendiam instrumentos. São dessa época suas primeiras composições: a modinha “O retrato”, de 1854; a romança “Ilusão”, de 1855; a polca “Corrupio”, de 1855; a valsa para piano “Saudades de Mme. Charton”, de 1856; a polca-lundu “Os beijos de frade”, de 1856 (as duas últimas publicadas por T. B. Dinis).

Ainda em 1856 concluiu os cursos de contraponto e órgão com o maestro Giannini no Conservatório de Música, obtendo medalha de ouro. Isso lhe valeu o prêmio inédito (foi o primeiro aluno a recebê-lo) de viagem à Europa, para aperfeiçoamento. Em julho de 1857 seguiu no vapor “Petrópolis” para a França e matriculou-se no Conservatório de Paris. Lá estudou harmonia com François-Emmanuel-Joseph Bazin (1816- 1878), sendo muito elogiado por seus trabalhos acadêmicos. Na capital francesa fez encenar sua opereta “La nuit au chateau”, com libreto de Paul de Koch, obtendo sucesso com a quadrilha “Soirée brésilienne” (“Noite brasileira”). Sua abertura sinfônica “Létoile du Brésil” e a romança “Confissão e desengano” conquistaram também grande popularidade em Paris. Da capital francesa, Mesquita enviou obras suas para serem tocadas no Brasil: uma “Missa”, apresentada em 26 de agosto de 1860 na Igreja da Cruz dos Militares, sob regência de Francisco Manuel da Silva, e a já citada abertura “Létoile du Brésil”, apresentada em 1861 na festa de entrega de prêmios do Conservatório de Música, no Rio de Janeiro. Em 24 de outubro de 1863, sua ópera “O vagabundo” ou “A Infidelidade, sedução e vaidade punidas” foi encenada no Teatro Lírico pela empresa da Ópera Nacional, com libreto traduzido do italiano por Luís Vicente de Simoni. Tendo feito sucesso, voltaria a ser reapresentada em 1871. Sua permanência em Paris foi abalada por um episódio não esclarecido completamente. Parece que se envolveu em uma aventura amorosa que lhe trouxe graves conseqüências: foi preso, expulso do Conservatório de Paris e perdeu definitivamente o apoio do Imperador D. Pedro II, que havia intercedido a seu favor na época de sua ida à capital francesa. Voltou ao Brasil em julho de 1866.

No Rio de Janeiro, integrou por algum tempo, como trompetista, a orquestra do Alcázar. Pouco depois de seu regresso, lançou duas composições populares: as polcas “Minha estrela” e “Laura”. Em 1867 publicou a romança “Moreninha”, com letra de Laurindo Rabelo. Compôs em 1868 “Olhos matadores”, que só foi editada em 1871. A importância da obra se deve, como já nos referimos, ao fato de o autor tê-la designado como tango brasileiro. A partir de 1869 exerceu a função de regente da orquestra do teatro Phoenix Dramática. Em 1870 teve encenada sua peça “Nono Mandamento”, em cujo segundo ato incluía um lundu. No mesmo ano é representada pela primeira vez no Teatro Lírico Fluminense a ópera “La Nuit au Chateau”, já montada em Paris. No Phoenix Dramática apresentou várias operetas de sucesso: “Trunfo às Avessas”, 1871 (simultâneamente encenada no Teatro Lírico Fluminense); “Ali Babá” (libreto de Eduardo Garrido), 1872, em que há um tango (o segundo que compôs) também chamado “Ali Babá”; “Coroa de Carlos Magno”, 1873. Ainda de 1872 é a peça “A pêra de Satanás”. No mesmo ano foi nomeado professor de solfejo e princípios de harmonia do Conservatório de Música, tendo sido amigo pessoal de Chiquinha Gonzaga e do pai de Pixinguinha, Alfredo viana. A partir de 1872 foi também organista da Igreja de São Pedro, permanecendo no posto até 1886.

Em 1873 apresentou ainda “Vampiro” e “O vagabundo” para o público do Rio de Janeiro. Em 1876 excursionou por São Paulo com a Empresa Teatro Phoenix Dramática, na condição de diretor da orquestra, tendo entre seus músicos o flautista Viriato Figueira da Silva. Em 1877 adoeceu gravemente. Voltou meses depois às atividades, sofrendo ainda uma recaída e só vindo a restabelecer-se completamente por volta de 1879. Em 1877 foi representada sua opereta “Loteria do diabo” no Phoenix Dramática. Em 1885 é a vez de “A Gata Borralheira”, no mesmo espaço. Afastou-se do teatro nessa época para dedicar-se às aulas no Conservatório de Música, onde foi em 1890 efetivado como professor de instrumentos de metal, aposentando-se em fevereiro de 1904, no já então INM (Instituto Nacional de Música).

Pesquisa: Jose Lucas s. pedroso (folha do pirajuçara)

Fonte: https://www.marcelobonavides.com

https://dicionariompb.com.br

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *