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Luislinda, a primeira Ministra dos direitos humanos negra do Brasil

Filha de seu Luiz, um motorneiro de bonde e de dona Lindaura, uma passadeira e lavadeira e neta de escravo

O presidente Michel Temer deu posse no dia 03/01/2017  à desembargadora aposentada Luislinda Valois como nova ministra dos Direitos Humanos. Antes de assumir a pasta, ela ocupava a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do Ministério da Justiça.

Quem foi Luislinda

Em 1984 tornou-se a terceira juíza negra do Brasil. Em 1993, proferiu a primeira sentença brasileira contra o racismo – condenou o supermercado Olhe Preço a indenizar a empregada doméstica Aíla de Jesus, acusada injustamente de furto. Em 2009, lançou seu primeiro livro, “O Negro no século XXI”. Em 2011, depois de oito anos de espera e ás vésperas de completar 70 anos, foi promovida a desembargadora titular do Tribunal de Justiça da Bahia e, em janeiro de 2012, recebeu a Medalha do Mérito Judiciário.

Luislinda nasceu  baiana em 20 de janeiro de 1942, viveu uma infância miserável, Filha de seu Luiz, um motorneiro de bonde e de dona Lindaura, uma passadeira e lavadeira e neta de escravo, sofreu ainda na infância o preconceito racial, circunstância que lhe inspirou a buscar a judicatura, aos 9 anos – quando um professor a humilhou, dizendo que lugar de negra como ela era na cozinha de branco, fazendo feijoada e não na escola – projetou o seu futuro.

Ao responder ao professor racista ela declarou:

“Não vou fazer feijoada para branco, não. Vou é ser juíza e lhe prender”.

O desacato valeu surra em casa, mas a primeira parte da promessa ela cumpriu. Antes de formar-se em Direito pela Universidade Católica, o que aconteceu quando contava 39 anos, Luislinda lavou fraldas, quando contava 7 anos, para pagar um curso de datilografia, foi escrevente, escriturária, chefe de orçamento. Formada, Luislinda conquistou o primeiro lugar no Brasil do concurso para procuradora, mas não pode assumir a vaga na Bahia:

“Como eu não tinha padrinho político, algumas autoridades me puseram numa sala e falaram ‘Doutora, precisamos da sua vaga aqui. Vamos lhe oferecer Sergipe ou Paraná’.

Assim, Luislinda começou sua carreira de procuradora no Paraná onde ficou oito anos como chefe da Procuradoria.

Terceira juíza negra do Brasil

Luislinda entrou para a magistratura em 1984. Sendo assim, a repercussão de ter sido a primeira juíza negra do Brasil serviu de promoção para a imagem do governo federal. No entanto, uma magistrada aposentada chamada Mary de Aguiar Silva reclamou o título para si, pois seu ingresso na magistratura ocorreu em 1962. Em 2010, o TJ-BA fez uma sessão solene para homenagear as magistradas negras do Estado e Luislinda aparecia como a terceira na cronologia. Apesar do evento, Luislinda continuou usando o título de primeira juíza negra em programas de televisão, além de ter usado tal título para fazer propaganda do governo da Bahia em 2013 e no Planalto como ministra.

 

*pesquisa: Jose Lucas (Folha do Pirajuçara)

*fonte: https://primeirosnegros.com

https://g1.globo.com

https://pt.wikipedia.org

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