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Racismo existe também na escola

Com certeza, quem nasceu próximo à década de 80 aqui no Brasil, conheceu o dominical “Os Trapalhões”, da Rede Globo, em que Didi, Dedé, Mussum e Zacarias aprontavam mil e uma confusões… Invariavelmente, sobrava para o Mussum ser ridicularizado, chamado de “negão”, ou mesmo ter a sua inteligência questionada nesse sentido. Mas ele sempre levava isso na esportiva, e quem me conhece sabe que eu não sou da turma do “mimimi”, e acredito sim que negros, brancos, amarelos e pardos ou, seja lá, qual for a sua cor da pele, somos todos seres humanos e temos capacidades inatas comum a todos.

Vini Jr., o jogador do Real Madrid tem usado as provocações racistas como combustível dentro de campo (Foto Divulgação/Real Madrid)

No entanto, ao conversar com uma mãe, Fabiana Aparecida, moradora da cidade, fiquei muito triste ao saber que aqui mesmo, em Taboão da Serra e pior de tudo, em uma escola, e ainda por cima, escola particular, o seu filho de apenas 6 anos, sofreu várias vezes situações de bullying (que consiste em atos de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo, sem motivação evidente por parte de uma pessoa ou grupo, contra uma ou mais pessoas).

O problema é que não se tratou de um caso típico de trotes ou brincadeiras no ambiente escolar, afinal esse tipo de situação chega a ser comum e muitas vezes não passa disso, porém, no caso em que me foi relatado a própria direção da escola se omitiu e chegou a querer inverter a situação, transferindo-a para a criança ou sua família.

A vítima, um garoto negro, com cabelo estilo black power, tem uma vida saudável com seus familiares, porém diante do ocorrido, foi chamado de mentiroso e foi discriminado pela própria direção da escola que alegou em mensagem direcionada à mãe: “Na escola não há crianças negras ou programas para inclusão porque pais negros não possuem condições para pagar a escola”, conta ela.

O filho de Fabiana, cujo nome preservaremos, começou a desenvolver um comportamento agressivo, uma vez que não sabia como se defender das agressões e hoje, já matriculado em outra escola, passa por tratamentos psicológicos a fim de seguir uma vida normal daqui para frente.

Hoje, ele está em tratamento e já conseguiu reverter parte dos traumas desenvolvidos, mas ainda requer destes cuidados. A psicologia aponta que o relacionamento entre pais e filhos deve ser cada vez mais transparente, a fim de que se possa identificar quando a criança precisa de ajuda, ou quando está vivendo uma situação semelhante.

É preciso que estejamos atentos a isso, a fim de que possamos construir um mundo mais justo e fraterno. O caso desta criança pode não ser o único em nossa cidade, vale a todos nós estarmos atentos e coibir qualquer ato desumano como o racismo, que é um problema que existe de verdade.

Por Marcelo Valladão, jornalista, escreve sobre diversas áreas ligadas à tecnologia no Portal Olhar Digital, e em outros veículos de comunicação.

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