Morre aos 73 anos o jornalista Gonzaguinha
Morreu na madrugada deste domingo, dia 7, o jornalista Luiz Bezerra da Silva, conhecido como Gonzaguinha. Ele foi uma das figuras mais importantes do jornalismo de Taboão da Serra e região nos anos 80, 90 e início de 2000. Ironicamente, ele morre no Dia dos Jornalistas.
Segundo sua cuidadora, Antônia Figueiredo, ele estava internado em um hospital em Rio Claro com problemas pulmonares. “Ele estava muito debilitado antes de morrer”, lamentou. Gonzaguinha foi enterrado na manhã deste domingo no cemitério municipal da mesma cidade, no interior paulista.
Polêmico, Gonzaguinha colecionou admiradores e inimigos durante sua carreira de jornalista. Não poupava políticos e poderosos com sua caneta afiada na coluna As Pasquinianas que circulou durante muitos anos no jornal O Alternativo, fundado por ele, e que circulou em Taboão da Serra, Embu das Artes e Itapecerica da Serra.
Apesar de sua aversão aos políticos, em 1998 saiu candidato a vereador pelo PT, partido que foi presidente. Na sua tentativa a uma cadeira na Câmara Municipal, foi mal sucedido e não foi eleito, abandonando para sempre a carreira política.
Gonzaguinha conseguia ser doce e amargo ao mesmo tempo, passava do amável ao bruto em poucos segundos. Dono de um vocabulário extenso, resultado de anos de leitura dos clássicos mundiais, ele despejava nos seus textos jornalísticos toda sua inteligência e sagacidade, abusando da ironia e do escárnio.
Todo esse seu estilo, jornalismo autêntico, lhe rendeu alguns processos, aborrecimentos e vários detratores. O que, para um jornalista, deve ser exibido como um trofeu pelos serviços prestados a sociedade.
Gonzaguinha sempre será lembrado também pelo modo boêmio com que levou a vida e muitas vezes a profissão. Com seu indefectível rabo de cabelo, uma brilhante e vasta cabeleira branca, reunia os amigos jornalistas nos piores botecos (que no fundo são os melhores) de Taboão da Serra para discutir política durante horas a fio.
A morte de Gonzaguinha não deve ser chorada, como ele tantas vezes pediu a amigos. Fica dessa história um legado de ensinamentos para as atuais e futuras gerações de jornalistas de Taboão da Serra e região. Gonzaga sempre ensinou o que fazer e também o que não fazer. E essa dualidade resume bem quem ele foi: rastilho de pólvora.
*por: Eduardo Toledo (O Taboanense)