Homenagem do empresário ao jornalista amigo no estilo Coluna do Pombo

O empresário Dr. Ronaldo Dias, gestor da NOP – Núcleo Odontológico Preventivo, presta sua homenagem ao jornalista Mario Aparecido, da Folha do Pirajuçara, que se encontra hospitalizado por problemas cardíacos, em Campo Grande – PR.

 

“Quando o Pombo voa mais alto” – por um leitor agradecido

 

Há quase vinte seis anos, um certo Pombo começou a pousar em praças e plenários,

Denunciando os absurdos e os otários.

Com bico afiado e pena certeira,

Assinava sua coluna sem medo da ventania nem da algazarra da feira.

 

Mas o que poucos sabem — ou fingem não saber —

É que esse Pombo enxerga com o que a maioria desaprendeu a ver.

Não com os olhos, mas com o peito aberto e o ouvido colado na calçada,

Sentindo na pele da cidade cada promessa furada.

 

O nome dele é Mário. Professor. Jornalista. Guerreiro.

Fez da escuridão dos olhos o combustível verdadeiro.

Porque enquanto muitos tropeçam na própria luz,

Ele transforma sombras em palavra que conduz.

 

A Folha do Pirajuçara, seu ninho de papel e fogo,

É jornal de bairro, sim — mas de fôlego longo e voo mais que um jogo.

É trincheira de quem não se cala,

É tambor de quem denuncia quando a cidade se cala.

 

Ele perdeu a visão por volta dos 40, dizem os mais próximos,

Mas ganhou o dom raro de ver o que os políticos escondem nos bolsos e nos pódios.

Enquanto outros jornalistas apagam ou vendem manchetes,

Mário escreve com alma, em braile ou em facete.

 

E mesmo cego, ele edita, revisa e publica.

Na ponta do ouvido, no toque da tecla, na fé que multiplica.

Talvez seja o único jornalista cego do Brasil — talvez do mundo inteiro.

Mas não há dúvida: é o mais lúcido, o mais inteiro.

 

Então hoje, esse Pombo que sempre voa pra apontar dedo e cobrar,

Faz uma curva no céu, pousa só pra homenagear.

Porque tem gente que escreve a história,

E tem gente como o Professor Mário, que a constrói com memória.

 

Obrigado, Mário, por dar voz ao que grita em silêncio,

Por fazer da cegueira um clarão imenso.

E que tua pena siga voando por muitas manhãs,

Porque enquanto houver injustiça, o Pombo sempre levanta voo pelas manhãs.