Agosto Dourado: especialistas explicam como garantir leite materno na rotina da creche
Mesmo armazenado na geladeira ou no freezer, alimento pode ser dado à criança e não perde o valor nutricional
A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que a amamentação exclusiva ocorra até os seis meses de vida do bebê e a não exclusiva até dois anos ou mais. No entanto, devido à falta de rede de apoio, tarefas domésticas, rotina de trabalho, esse processo pode ser mais difícil e até frustrante para as mães, principalmente quando há necessidade de deixar a criança em creche, ou aos cuidados de terceiros.
A impossibilidade de dar o peito regularmente não significa privar o bebê do leite materno, como explicam Ana Maria Emiliano de Castro, Supervisora de Enfermagem da Neonatologia, e Luzinete dos Santos Aguiar, enfermeira do Banco de Leite do Hospital Regional de Cotia (HRC), administrado pelo Seconci-SP (Serviço Social da Construção). “A mãe pode tirar o leite, armazenar e encaminhar para a escola. Se o leite for armazenado na geladeira deve ser utilizado até 12 horas e, se guardado no freezer, deve ser utilizado em até 15 dias”. Elas ainda reforçam que é importante aquecer em banho maria antes de ofertar para o bebê e o leite deve estar em temperatura ambiente.
O leite extraído deve ser oferecido em um copinho, xícara, ou em colher, de forma segura à criança. “Essa prática permite que o bebê continue recebendo os benefícios nutricionais e imunológicos do leite materno, mesmo estando afastado da mãe por algumas horas do dia”, conta Roberta Barta, enfermeira do Hospital Geral de Itapecerica da Serra (HGIS), da Educação Continuada e Presidente da Comissão Hospital Amigo da Criança (IHAC).
Barta explica que o uso de mamadeira para oferecer leite materno ao bebê não é recomendado, já que a forma de sucção é diferente da sucção ao seio. “É possível que o uso de mamadeiras e bicos cause dificuldades na amamentação, especialmente quando o uso é prolongado”, completa.
Benefícios da amamentação
A amamentação é positiva tanto para o bebê quanto para a mãe. O leite materno protege a criança contra diarreia, infecções e alergias. A longo prazo, traz proteção contra doenças crônicas, reduz a probabilidade de obesidade e casos de morte súbita infantil. Além disso, a sucção do peito propicia o desenvolvimento adequado da cavidade oral da criança, beneficiando a dentição saudável e a fala.
Para a mãe, a amamentação ajuda o útero a retornar ao seu tamanho anterior, o que reduz o sangramento e previne a anemia, reduz risco de câncer de ovário e de mama e contribui para a recuperação do peso pós-parto.
Banco de leite
Os bancos de leite humano são essenciais para atender bebês prematuros e internados em UTIs neonatais, que necessitam dos nutrientes e da proteção imunológica proporcionados pelo leite materno. Toda mulher que amamenta e está em boas condições de saúde pode ser uma doadora.
O Seconci-SP administra três hospitais com banco de leite: o Hospital Geral de Itapecerica da Serra (HGIS), o Hospital Regional de Cotia (HRC) e o Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS). Em média o HRC, HGIS e CHS distribuem, respectivamente, cerca de 73, 16 e 56 litros de leite por mês. Os hospitais ainda oferecem suporte às mães com dificuldade de amamentar.