Sem tatuzão: Obra da Linha 4-Amarela até Taboão será feita com modelo austríaco; entenda
Segundo Barros Silva, a extensão da Linha 4 será feita por meio de várias frentes de escavação manual simultâneas
A construção da extensão da linha-4 Amarela será realizada sem o tradicional “Tatuzão”, a tuneladora de grande porte que costuma acelerar obras subterrâneas. Em entrevista exclusiva à EXAME, Antonio Marcio Barros Silva, diretor de operações do ramal, detalhou que o método utilizado será o NATM, técnica de escavação de origem austríaca.
“Esse trecho será escavado utilizando o método austríaco NATM, um processo mais manual comparado à tuneladora, que é mais rápido, mas também mais caro. O uso desse método, no entanto, é viável e amplamente utilizado no mundo todo”, disse Barros Silva.
O método NATM funciona com a retirada do solo em etapas e o uso imediato de concreto projetado para dar sustentação. A técnica também pode incluir estruturas metálicas, grampos de aço e fibras no concreto, dependendo da resistência natural do terreno.
Já o Tatuzão é uma máquina de mais de 100 metros de comprimento, em formato cilíndrico — como o animal que lhe dá nome. O equipamento escava túneis com velocidade muito maior e, ao mesmo tempo, instala os anéis de concreto que revestem a estrutura.
Segundo Barros Silva, a extensão da Linha 4 será feita por meio de várias frentes de escavação manual simultâneas. Em cada frente, será construído um poço de cerca de 30 metros de profundidade, de onde partirão duas escavações em sentidos opostos. O trabalho será feito com retroescavadeiras, e a montagem dos anéis de concreto também será feita manualmente.
O avanço diário da obra com o NATM será menor com tuneladora, mas como a extensão terá mais de uma frente de trabalho, a obra será concluída dentro do prazo determinado.
“Esse método é mais barato, embora mais demorado. Com a tuneladora, podemos avançar até 30 metros por dia. Com o NATM, a média é de 1,5 metro. Mas é um método comprovado, eficiente e utilizado globalmente”, afirma.
Barros Silva afirma ainda que o método austríaco é mais indicado em trechos menores, como no caso desta obra, enquanto o tatuzão é mais indicado para trechos maiores.
A extensão terá 3,3 quilômetros e incluirá duas novas estações: Chácara do Jockey e Taboão da Serra. Os investimentos previstos são de aproximadamente R$ 3,4 bilhões, com recursos da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), da concessionária Motiva (controladora da ViaQuatro) e do Banco Mundial. A divisão exata dos valores entre os envolvidos ainda não foi detalhada.
A previsão é que as obras se iniciem até o fim de 2025. Algumas demolições já começaram, e o diretor da ViaQuatro afirma que todo o projeto executivo está pronto e os processos de licitação e desapropriação avançaram significativamente.
“Já conseguimos adiantar licenças ambientais e desapropriações. Agora, estamos aguardando a assinatura do aditivo com o governo, que definirá o modelo de aporte financeiro”, afirmou.
Atualmente, a Linha 4-Amarela opera em 12,8 km com 11 estações: Luz, República, Higienópolis-Mackenzie, Paulista, Oscar Freire, Fradique Coutinho, Faria Lima, Pinheiros, Butantã, São Paulo-Morumbi e Vila Sônia.
Com a ampliação, a viagem completa na linha terá cerca de 55 minutos. Haverá integração com terminais de ônibus urbanos e intermunicipais nas estações Vila Sônia, São Paulo-Morumbi, Butantã e outros pontos da zona oeste e região metropolitana.
A construção das duas novas estações deve beneficiar mais de 100 mil passageiros por dia, além de ajudar a reduzir o tráfego nas rodovias Raposo Tavares e Régis Bittencourt, principais vias de ligação entre a capital paulista e Taboão da Serra.
Além da expansão da linha-4, a concessionária discute o projeto de expansão da Linha 5-Lilás. O ramal será ampliado 4,3 km e com duas novas estações, Comendador Sant’Anna e Jardim Ângela. A estimativa é de que os investimentos cheguem a R$ 3,4 bilhões para a construção das estações, além de possíveis desapropriações.
Onde será a estação de Taboão da Serra da Linha 4-Amarela
A nova Estação Taboão da Serra deverá ser construída na antiga Sorana Sul e terá duas entradas, uma na própria Sorana e outra do lado oposto a Rodovia Régis Bittencourt.
A Estação Chácara do Jockey ficará localizada próxima ao Parque Chácara do Jockey, na Avenida Professor Francisco Morato, na Vila Sônia.