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Conheça a história de Nelson da Conceição, o goleiro dos ‘Camisas Negras’

Nelson da Conceição – (Goal Keeper) – Foi goleiro do Vasco da Gama e também primeiro goleiro negro da Seleção Brasileira

 

Nelson da Conceição nasceu em 12 de agosto de 1899 na cidade de Nova Friburgo, distante 126 km da cidade do Rio de Janeiro. Mudou-se para a então Capital Federal, onde começou a disputar partidas oficiais de futebol ainda muito jovem, com apenas 15 anos. Iniciou sua carreira futebolística em 1915, no Paladino Football Club, clube filiado à Liga Metropolitana de Sports Athleticos (LMSA, depois LMDT). Em 1916 já atuava pelo Engenho de Dentro Athletico Club, onde se tornou tricampeão da Liga Suburbana (1916-1917-1918), a maior de todas as ligas do subúrbio.

O jovem Nelson da Conceição chegou ao Club de Regatas Vasco da Gama com 19 anos. Sua estreia oficial se daria meses depois, já com 20 anos, no dia 07 de setembro, na vitória do Vasco por 2 a 0 sobre o Sport Club Rio de Janeiro. A partida era válida pelo returno do campeonato da 2ª Divisão da LMDT. A importância de Nelson para o Vasco fica evidenciada pela forma como entrou na equipe e com a análise da sua frequência nos jogos. Nelson veio para o Vasco diretamente para ocupar a vaga de goleiro titular. Uma “contratação” vital para as pretensões do clube.

Desde o seu antigo clube, Engenho de Dentro AC, e principalmente nos primeiros anos de Vasco, Nelson da Conceição sofria com considerações pejorativas relacionadas ao seu ofício de condutor de veículos (chauffeur) e sua fala coloquial, posições emitidas nos jornais e revistas. O termo chauffeur se referia à época aos condutores particulares de automóveis, o que hoje é denominado taxista. Esta função era marcada por ser designada a indivíduos de baixa escolaridade, o que se somava ao baixo poder aquisitivo e a predominância de pessoas negras. Os indivíduos de classe social menos abastada desempenhavam atividades caracterizadas por serem braçais e com baixo uso da intelectualidade. Dentre outras, podem ser citados: os operários das fábricas, mecânicos, pescadores etc.

No futebol amador carioca, teoricamente, o jogador deveria exercer uma função externa ao futebol, não sendo o esporte o seu meio de sustento. Todavia, os indivíduos que desempenhavam atividades consideradas menores sofriam preconceito pela classe dirigente da Liga e de parte da imprensa.

Em 1922 o Vasco ascende à elite do futebol carioca, disputando, no ano seguinte, pela primeira vez em sua história, a série A da 1ª Divisão. O ano de 1923 foi especial em todos os sentidos para Nelson, para o Vasco e para o futebol carioca. De uma só vez, Nelson se tornaria o primeiro goleiro negro a ser campeão carioca, a defender a seleção carioca e a seleção brasileira.

De uma forma clássica, a escalação era a seguinte: Nelson, Leitão e Mingote; Nicolino, Bolão e Arthur; Paschoal, Torterolli, Arlindo, Ceci e Negrito. Arlindo (Arlindo Pacheco); Arthur (Arthur Medeiros Ferreira); Bolão (Claudionor Corrêa); Cecy (Silvio Moreira); Leitão (Albanito Nascimento); Mingote (Domingos Passini); Negrito (Alípio Marins); Nelson (Nelson da Conceição); Nicolino (João Baptista Soares); Paschoal (Paschoal Silva Cinelli); Torterolli (Nicodemes Conceição).

Com uma campanha avassaladora, o Vasco de Nelson foi derrotando um a um os seus rivais, terminando o campeonato com 11 vitórias no total. No dia 12 de agosto de 1923, Nelson completaria 24 anos e ajudaria o Vasco a ganhar o título de campeão da cidade pela maior liga do Rio de Janeiro. Uma vitória por 3 a 2 sobre o São Christovão, em General Severiano, dando ao Vasco de Nelson o título de campeão. Nelson era reconhecido o melhor goleiro do futebol carioca. O rapaz negro de 24 anos, que nasceu em Nova Friburgo, e que se mudou com a família para o Rio de Janeiro em busca de melhoria de vida, encontrou no futebol o seu espaço de subsistência. Devido as suas condições técnicas, e não a sua cor de pele, teve o seu talento reconhecido e fez parte de uma equipe montada para levar o Club de Regatas Vasco da Gama ao mesmo patamar dos grandes clubes cariocas.

Nelson foi também convocado para a Seleção Carioca em 1923 e para a Seleção Brasileira, que disputa o Campeonato Sul-Americano do mesmo ano. A campanha do selecionado brasileiro foi pífia, mas o goleiro vascaíno foi um dos poucos que escaparam das críticas, sendo inclusive considerado como um dos que evitaram uma campanha ainda pior do que a realizada.

O grande keeper tornou-se ídolo de um clube que se tornava grande, o Club de Regatas Vasco da Gama. Nelson ajudou este clube a ser um dos grandes no futebol, com sua técnica e sua dedicação.

Pesquisa:  Jose Lucas (Folha do Pirajuçara)

Fonte: https://observatorioracialfutebol.com.br

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