Geraldo se refilia ao PT em ato marcado por união com ex-rivais Chico e Rosângela e oposição a Ney
“Ando na cidade este tempo todo, o pessoal me chama de ‘Geraldinho do PT’. Não dá para desligar’, disse; com o ‘novo’ petista, Chico e Rosângela confrontaram prefeito
O ex-prefeito e ex-deputado estadual Geraldo Cruz se refiliou ao PT, no sábado (4), em ato marcado pela união com ex-rivais, o ex-prefeito Chico Brito (Cidadania) e a ex-vereadora Rosângela Santos (PT). Em 2013, Geraldo e Chico, no PT, tiveram guerra interna que abriu caminho para Ney Santos (Republicanos) ser prefeito. Em 2020, Geraldo rivalizou com Rosângela e para disputar a prefeitura, contra decisão do partido de lançar a petista, foi para a sigla em que estava, o PDT.
Cerca de 200 militantes e simpatizantes lotaram espaço do Sindicato dos Químicos para exaltar Geraldo, desde vereador, e defender a união para derrotar o candidato de Ney em 2024. “Hoje sou vereador do PSB, luto sozinho na Câmara contra a corja que governa a cidade pelo legado de Geraldo, que tirou os vereadores corruptos [em 2000]. Só unidos vamos derrotar o governo que está aí, e Geraldo tem papel fundamental nesse processo”, disse Abidan Henrique.
O ex-vereador Edvânio Mendes, também recém-refiliado ao PT após ter ido para o PDT em apoio a Geraldo, lembrou um dos fundadores do PT na cidade, Paulo Giannini (1954-2018), em esforço pela união. Giannini foi escudeiro de Chico na briga com Geraldo, mas depois buscou unir as alas em conflito, após traição de aliados de Chico – como o ex-vereador Doda Pinheiro. “Giannini gostaria de estar aqui. Ele trabalhou incansavelmente pela unidade do partido”, disse.
O ex-vereador professor Silvino (PDT, também ex-PT) pregou a união das forças “progressistas” da cidade, ao classificar a eleição do atual prefeito como “acidente de percurso”. “Precisamos recuperar as políticas públicas perdidas durante o governo Ney Santos”, disse. O ex-vereador João Leite (PT), outro ex-rival que chegou a buscar a cassação de Geraldo quando deputado, manifestou desejo de trabalhar junto com o agora aliado para “resgatar Embu das Artes”.
Entre as falas mais esperadas, Chico disse “abrir o coração” sobre compromisso que firmou com Geraldo. “Tomamos uma decisão: aprender com os erros do passado, rever posturas. Temos um objetivo em comum: reconstruir as políticas públicas na cidade, iniciadas desde 2001, no mandato do Geraldo”, disse. Ele convocou os aliados a mostrar as realizações de seu governo e de Geraldo. “Nós todos temos uma tarefa: ir para a rua fazer o debate, não ter medo”, falou.
“Se tiver gente nas redes sociais falando besteira, vamos mostrar o que fizemos. Se juntar os 8 anos do governo do Geraldo e os meus 8 anos dá pena dos caras em fazer qualquer debate, o que existe de política pública na cidade foi construído nos 16 anos que governamos. Temos que juntar as lideranças de vários partidos que querem o bem da cidade para arrancar esses caras daí”, afirmou Chico. Ele ergueu as mãos de Geraldo e Rosângela juntos para marcar a união.
Também cercada de grande expectativa, Rosângela abriu discurso em igual perspectiva com olhar para as mulheres. “Estamos buscando uma união em defesa da nossa cidade, da população. É muito triste ver uma mãe sofrendo por perder um filho por negligência desta gestão”, disse. Em 2021, Luan, de 11 anos, morreu em decorrência de apendicite após ter diagnóstico errado na UPA Santo Eduardo. Após protestar, a mãe, da frente de trabalho, foi ainda demitida por Ney.
Rosângela disse que o momento da cidade exige “maturidade”. “O que estamos buscando hoje realmente é o compromisso de todos em ter maturidade para organizar uma oposição, uma frente que vai ganhar desta máfia que está instalada em Embu. Eu considero esta eleição [de 2024] a eleição das nossas vidas. É uma eleição em que a gente vai resgatar Embu das Artes da mão desses bandidos. A gente precisa estar unido e forte para defender Embu das Artes”, discursou.
Os deputados Jilmar Tatto (federal) e Maurici (estadual), ambos do PT, presentes, enalteceram a trajetória de Geraldo e destacaram a união das lideranças reunidas. “Para mim, Geraldo nunca deixou de ser do PT. É um ganho [a volta de Geraldo ao partido] não só para Embu das Artes – isso que é importante vocês saberem. É um ganho para o PT no Estado de São Paulo e para o país inteiro. Geraldo, você é bem-vindo. O PT reserva projetos mais altos para você”, disse Jilmar.
Maurici orientou “pegar de volta companheiros que deixaram o PT”. “Não é deixar as diferenças de lado, mas conviver com elas para construir um projeto coletivo”, disse. Pai do presidente do PT-SP, Kiko Celeguim, ele teria dado um pito no PT em Embu. “Todas as políticas públicas desta cidade, construímos em 16 anos. E permitimos que um adversário, mafioso, nos derrotasse pela nossa desunião. Como aprendemos com nossos erros, não vai acontecer de novo”, afirmou.
Ao discursar, sobre a refiliação, Geraldo justificou ser identificado com o partido “de uma vida”. “Eu ando na cidade este tempo todo, fiz campanha na última eleição, o pessoal me chama de ‘Geraldinho do PT’. Não dá para desligar, foi a nossa primeira filiação, construímos este partido na maior dificuldade”, disse. Após anunciar a filiação do filho, de 17 anos, ao PT, ele ressaltou que “as políticas públicas que [os presidentes] Lula e Dilma [Rousseff] fizeram no Brasil tinha no Embu”.
“Política pública para juventude, melhor idade, inclusão social, formação profissional. Todas, sem exceção, foram destruídas. Aqui está pior do que quando assumimos, em 2001. Jamais imaginava que ia ter saudade do [prefeito] Quinzinho, do Oscar Yazbek, que fez tanto absurdo. Este cara consegue ser pior. A última equipe de saúde da família criada e a última sala de aula construída faz mais de 12 anos, no governo do Chico ainda”, falou Geraldo, em reprovação a Ney.
*fonte: Verbo Online