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Quem foi Zeferina?

Zeferina viveu na primeira metade do século XIX e ficou conhecida por ser uma liderança e guerreira do Quilombo do Urubu, na Bahia

 

Rainha, chefe, quilombola e guerreira. Foram esses os títulos que Zeferina, líder do Quilombo do Urubu, recebeu ao longo de sua vida.

De acordo com Maria Inês Côrtes, professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Zeferina chegou ao Brasil na condição de escravizada, junto com a mãe, Amália, ainda na primeira metade no século XIX.

De origem angolense, Zeferina tornou-se uma liderança no Quilombo do Urubu – hoje correspondente à região do bairro Pirajá e do Parque São Bartolomeu, em Salvador, na Bahia.

Ela chegou ao quilombo fugindo dos abusos e da violência de seus senhores, e foi acolhida por outros quilombolas que já residiam na região.

Em 17 de dezembro de 1826, utilizando apenas arco e flecha, Zeferina liderou a população local em um levante contra o ataque de tropas policiais ao quilombo.

O fato ocorreu quando um grupo de escravizados fugidos do Urubu levava alimento para um outro quilombo, na periferia da cidade. Os policiais alegaram a suspeita de planejamento de uma revolução.

Assim, Zeferina liderou 50 homens e algumas mulheres – todos negros – contra mais de 200 homens com armas de fogo e cavalos, que, no final, conseguiram prender apenas um homem e uma mulher, a própria Zeferina, segundo a pesquisadora Silvia Maria Barbosa Silva.

É importante salientar que o Quilombo do Urubu tinha, ainda naquele período, uma forte ligação com o Candomblé, sendo a perseguição religiosa uma das possíveis razões para potencializar o ataque ao local.

A postura de liderança de Zeferina foi observada pelo comandante das tropas, responsável pela documentação sobre o levante. Durante a luta, Zeferina animava os guerreiros quilombolas, instruía-os para que não se dispersassem ou recuassem.

Ela foi a última a desistir, e ao final acabou sendo presa por vários soldados. O título de “rainha” lhe foi dado pelo presidente da província, a maior autoridade da época na Bahia, após a sua prisão.

Zeferina não retornou ao Quilombo do Urubu. As condições de sua morte nunca foram devidamente esclarecidas, e a localização de seus restos mortais não foi informada.

Para a pesquisadora e coordenadora-geral da Associação de Mulheres Negras – Quilombo Zeferina, Silvia Maria Barbosa Silva, a história desta quilombola é um achado.

“Zeferina é uma referência de resistência. Ela fez uma escolha por seu povo, lutou e deixou um legado a ser seguido”.

A Associação que Silvia coordena atua na mesma região em que outrora ficava o Quilombo do Urubu. Resgatar a figura de Zeferina foi uma maneira de empoderar a população local.

 

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