Luzia Pinta (século XVIII)
Nascida em data desconhecida na África central, foi escravizada e transportada ao Brasil.
Teria partido de Luanda, ainda pequena, e sem que se saiba como conquistou a liberdade por alforria, vivendo como pessoa livre e detentora de uma pequena propriedade em Sabará, Minas Gerais.
Ainda que para alguns o seu sobrenome, Pinta, pudesse vir a ser um indicativo ao local da origem de seu grupo étnico na África central, a região de Mpinda, na atual República de Angola, o documento de sua alforria foi recentemente encontrado nos arquivos da antiga Vila de Sabará / Comarca de Rio das Velhas, o que comprova ter ela comprado sua própria liberdade. Ao que tudo indica, a nomeação de Luzia Pinta provém do sobrenome dos senhores que lhe venderam a sua alforria, chamados João Pinto Dias e Manoel Pinto Dias, aparentemente, irmãos.
Luzia era sacerdotisa tradicional, com experiência em práticas de cura e participava de rituais coletivos de possessão e transe conhecidos no Brasil colonial como calundu. O termo designa a crença africana na circulação de energia vital entre espíritos dos ancestrais e determinadas pessoas especialmente preparadas para recebê-las em seu corpo, que no antigo reino do Congo e Ndongo eram chamados de xinguilas.
Por meio da possessão ritual por espíritos tais pessoas obtinham a capacidade de fazer previsões, produzir a cura ou administrar venenos que podiam provocar a morte. Estas manifestações, por sua vez, eram associadas pelas autoridades católicas à feitiçaria e idolatria, sendo consideradas criminosas. Foi por isso que, denunciada em 1739 como “feiticeira”, Luzia Pinta foi presa e enviada a Portugal no ano de 1742 para ser julgada pelo Tribunal de Inquisição de Lisboa, onde permaneceu encarcerada no calabouço do “Santo Ofício” durante dois anos, sem que se saiba qual o seu destino.
Pesquisa: Jose Lucas / Folha do Pirajuçara
Fonte: Luzia Pinta (século XVIII) – Biografias de Mulheres Africanas (ufrgs.br)
Maravilhoso contar a história, mas preservar em seu enredo o termo “possessão” é intolerância religiosa